A destempo.
E não querendo ferir susceptibilidades,
Mas com pena que o evento
Não mereça outras habilidades.
Falar do que não se conhece
é traição!
Porque quem aqui amanhece
Tem esta serra no coração.
Perdemos tudo de nada,
Numa fracção de segundo,
Porque, por aqui, quem manda
Pensa que é dono do Mundo.
Mas estas pedras não têm dono.
Nem são azuis ou amarelas.
São aquilo que o meu sonho
Quiser fazer delas.
Para mim serão sempre pedras.
Com a cor do puro granito.
E elas, mesmo no meio das ervas,
Ouvem e percebem o meu grito.
Vinga-te, pois, Gardunha,
Não permitas abusos.
Conhecendo-te a ponta da unha
Mereces a cor que usas.
Não permitas que um salafrário,
Por ignorância ou oportunidade,
Te retire do teu sacrário
Para gozar a sua vaidade.
Vinga-te, pois, Gardunha.
Permite o livre arbítrio.
Porque se te definirem a cor da unha
Deixarás de ser o meu cenário.
E não ouvirás mais Navarro
Régio, Nabinho ou Torga
Subir ao alto de um teu camarro
Perguntar-lhe porque chora.
Não ouvirás mais Alfredo da Cunha,
Manuel Dias Catana,
Ou a Maria Abrunha
Dizer-te a intensidade como se ama.
Desprende-te dos grilhões,
Das mordaças que te querem pôr fim,
Porque já cá estavas há milhões
E ficarás depois de mim.
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