Acerca...


A fotografia expressa sentimentos e partilhar esses sentimentos faz da arte uma aventura emocionante.

Gosto da mistura de cores, dos espaços verdes e amplos, gosto das montanhas e de respirar a sua tranquilidade…


agosto 31, 2014

Tarrafa...


Juntar quatro amigos para, numa tarde de verdadeiro verão, jogar uma suecada à volta de umas garrafas de cerveja é, também, motivo de muitas conversas. Numa destas tardes, faláva-mos da pesca com cana que, uma vez por semana, praticamos nas barragens da região. As palavras são como as cerejas: peixe grande, aquele que fugiu, as técnicas - algumas inventadas no momento,, sendo que foi num desses momentos que o desafio partiu do Alentejano: e quem é que aqui sabe o que é uma tarrafa e como lançá-la? - perguntou quase em segredo, sabendo que desta forma desperta o interesse e por saber que a atitude, na prática, não é (?) lícita.
Resondi-lhe que aceitava o desavio na condição de apenas se fazer uma demonstração do uso do aparelho, para a fotografia, porque estas atitudes fazem parte da cultura popular e vale a pena o registo.
Dito e feito. A pé, tarde escaldante, calcorreámos as margens nuas do Zêzere em busca do pesqueiro adequado ao diâmetro do aparelho: a tarrafa  para funcionar bem, necessita de uma profundidade inferior ao seu raio, diz o Mestre, que herdou a mestria do sogro.




Dentes fortes cerrados nas malhas da rede preparada, enquanto a mão esquerda auxilia tornando leve dois terços da malha pejada de chumbos, a mão direita apertada na malha restante que será a primeira a voar, pelo arremesso forte, e que arrastará todo o artefacto de forma a que se abra, ainda no ar, caindo na água num círculo perfeito que afundará rápido, pelo peso das pequenas peças de chumbo, de cerca de 50grs cada, fixados na borda da rede a espaços de 2cm.







Pousada no fundo, os peixes tentarão ainda fugir ao perigo mas acabarão aprisionados no seio (uma espécie de bolsa em que termina a rede) que se fecha ao puxão constante e tenso, por forma a mante-la fechada até à margem.

A altura média de uma rede, em uso nos nossos rios, é de cerca de 2m, formando um arco de 4m de diâmetro e o seu peso, em seco, pode atingir os 4kg.


Bogas, bordalos, barbos, truta são as espécies autóctones e agora, infelizmente, também se vão capturando espécies alóctones como percas, carpas e achigãs. Estas últimas espécies foram introduzidas nas nossas águas, obedecendo a um ciclo de povoamentos estúpidos que, por razões económicas, vai dizimando as "nossas" espécies privando-nos, no futuro próximo, das iguarias a que a cultura gastronómica local nos habituou. Ainda não há muitos anos que por aqui se capturavam "eirós" (enguias) que a construção de barragens, como a de Castelo de Bode - principalmente, não acautelando a sua passagem, impediram o seu ciclo normal de vida no nosso rio Zêzere, até que voltassem ao Mar dos Sargaços para desova. Aconteceu o mesmo com a truta, particularmente a Arco Íris (salmonídio), que escolhia as frescas águas das nascentes destes cursos de água para aí depositarem os ovos, perpetuando a espécie.

Fica o registo, possível, e o desabafo...



agosto 27, 2014

Ruralidades...


Desço lentamente este caminho de barro ocre
enquanto admiro os castanheiros da ladeira…
amarelo pálido envergonhado, verde forte,
e vivendo da água da Fontanheira.
Debaixo de árvores como aquelas
estendem, no verão, mesas no caminho
e o povo inteiro aninha-se nelas
partilhando iguarias e carinho.
Tão natural como ar,
pela Natureza ou por Amor,
acontece este ritual secular
com a boa gente do Açor.

© Belarmino Lopes

agosto 25, 2014

Alquimia da cor...



E depois desta luz,
cheia de orvalho
cheia de meio tom
sem sombra da noite
sem luz da manhã,
breve surgirá o Sol.
Breve virão os aromas
das flores silvestres,
na brisa campestre,
num desenfreio estonteante,
como se uma nova madrugada
não fosse mais possível
desenhar-se aqui.

© Belarmino Lopes.

agosto 20, 2014

Serra da Gardunha... percorrê-la a passo!

Serra da Gardunha, percorrê-la a passo!


Não são pretas, estas pedras,
Nem cinzentas, nem amarelas!
Serão azuis ou cor das ervas,
Conforme a luz pousar nelas.

Não são feias, estas pedras,
Nem frias, nem quentes!
Serão a expressão que observas,
Conforme o olhar que tentes.

Não são redondas, estas pedras,
Nem pequenas, nem grandes!
Serão o que os olhos fizerem delas,
Conforme o lugar onde andes.

Não são duras, estas pedras,
Nem têm ângulo, nem inclinação!
Serão brandas ou severas,
Conforme o sentir do teu coração.

Floralidades...

Porque é Dia Mundial da Fotografia...


Brisa minor...

agosto 14, 2014

A água e os seus percursos...

Orvalhadas da Maúnça...




Serra da Gardunha... percorrê-la a passo!

Alquimia da cor...


Ser cor,
Entre granitos pesados de cinza
E ter essa coragem de se assumir
Lembra que a natureza talvez finja
Quando num momento de dor
Pareça tudo fazer para a não sentir.


Prodigiosa renovação!

agosto 13, 2014

Viagens na minha terra...

Rio Douro, em Vila Nova de Foz Côa


Foi prodigiosa a natureza quando criou este vale entre Barqueiros e Miranda do Douro e cedo o homem descobriu o rio e percebeu a infindável riquesa dos seus recursos. Desbravando terras e removendo pissarras de xisto maciço, criaram socalcos onde armaram vinhedos de castas excepcionais. Delas se extrai o famoso Vinho do Porto e os excelentes Douro que, cada vez mais, sobressaem na elegância dos vinhos portugueses. Já no século XVIII Marquês de Pombal reconhecia esta grandeza e natureza de excepção criando aqui a primeira Região Demarcada do mundo.


       

Não obstante a existência de inúmeros caminhos vicinais, com ligação entre povoados e às zonas ribeirinhas, o rio Douro foi, também aqui, a grande ligação entre o litoral (Porto) e a fronteira com Espanha (Miranda do Douro). É numa dessas rotas que margeam esse rio que se destinge a que ladeia um dos seus afluentes: o rio Côa.
A importância e beleza do local não passou despercebida, também e já nesse tempo, ao homem paleolítico que aqui se radicou e gravou nos xistos a mensagem que nos chega, agora identificada e preservada, na figura da Arte Paleolítica do Vale do Côa.


      

" (...) "painéis" ao ar livre e os “habitat” identificados, são testemunhos do povoamento, de uma vitalidade e de uma mestria de concepção e traços que trouxeram até nós 25.000 anos de tempo. Esta longa galeria de arte dá-nos registos do período Neolítico e da Idade do Ferro, transpondo depois de um só fôlego dois mil anos de História para firmar na Época Moderna representações religiosas, nomes e datas até há poucas dezenas de anos."
- www.arte-coa.pt